/futilidades da vida.

Não sei se todo mundo sabe,mas eu sou uma dessas psicopatas que pegam 10 livros de uma vez em duas bibliotecas diferentes e depois se desesperam por não conseguir ler tudo a tempo (o que é uma coisa óbvia,diga-se de passagem. Mas eu sempre me iludo pensando que sou capaz... tsc,bobinha! ). Da última vez que fiz isso,tive que pagar 16 REAIS de multa da biblioteca da Fale por três livros dos quais eu SEQUER consegui passar da primeira página. Okay né,a vida tem dessas coisas.
Mas posso dizer que essa coisa de (pelo menos tentar) ler muito gera muita coisa interessante. Quer dizer,não é porque faço Letras que tenho que obrigatoriamente ser uma pseudo-cult que lê muito em um curto espaço de tempo.Muito pelo contrário,acho que a gente tem que ler TANTA coisa teórica que os professores passam que mal dá tempo de se dedicar a livros que realmente nos interessam. A vida têm dessas ironias...
E também não é porque faço Letras que devo ler apenas os grandes cânones. Não é só de Machado de Assis e Guimarães Rosa que se faz a Literatura,vamocombiná. Okay,já que esse blog é meu e eu escrevo o que bem entender,vou revelar um "podre" sobre meu gosto literário:
Eu sou tipo,MUITO fã de ChicLit. Pra quem não sabe,são aqueles livros geralmente escritos por uma autora britânica que geralmente contam a história de uma mulher geralmente na faixa dos 30 anos que vive nesses tempos modernos,nesses dilemas que toda mulher tem e que ainda acham tempo para se apaixonar por um cara à-la Jude Law e são felizes para sempre - pelo menos até a próxima crise. Tipo "O Diário de Bridget Jones",sabe? Pode ser super clichê e super
aculturado/fútil,mas eu ainda acho o máximo. Pronto,falei.

Mas essa semana aconteceu um fato muito maluco que até alivou minha culpa por gostar desse tipo de coisa (mentira,eu não sinto culpa nenhuma. Foi só pra fazer um charminho) :
estava eu no 5102 lotado à caminho da UFMG quando finalmente consigo achar um lugar vago. Sento-me ao lado de uma moça que obviamente estuda na ufmg (como 90% das pessoas que pegam aquele ônibus),que estava muito chique lendo um livro, com um óculos meio retrô e uma bolsa que OMG,eu preciso de uma igual. !
Fiquei pensando "nossa,que menina style,ela deve ter bom gosto" e tal tal. Daí resolvi dar uma de enxerida e bicar o livro que ela estava lendo. Sei lá,deve ser mania desse povo de Letras comparar uma pessoa pelo que ela lê... mas enfim: reconheci aquelas letrinhas redondinhas e a capa rosa. Não,não era possível. Eu estava sem óculos,aquilo podia ser muito bem uma miragem gerada pela minha falta de visão e imaginação fértil. Decidi chegar mais perto. Na verdade,eu quase meti o nariz no livro da menina. Mas ela parecia tão concentrada na leitura que nem reparou que tinha uma bico do seu lado. Ainda bem,porque eu teria ficado super sem graça...
Mas ainda bem que fiz isso,pois foi aí que eu pude reconhecer o tal livro: Os Delírios de Consumo de Becky Bloom. MELDEUS,não era possível! Ela estava lendo Becky Bloom!! *_*
Nossa,eu fiquei tão emocionada. Quer dizer,eu achei uma pessoa que também tem uma cultura fútil bem do meu lado no ônibus lotado que eu pego todos os dias. Aquilo só podia ser um sinal dos céus. Às vezes era nosso destino pegar o mesmo ônibus,estar lendo o mesmo livro,ter os mesmos gostos e ela ainda ser super estilosa. Eu iria puxar um papo sobre o livro,daí conversaríamos sobre moda/literatura e seríamos amigas para sempre.
Belíssimo começo de amizade,não?!
Mas sei lá,meu bom senso juntou com minha (pseudo)timidez e eu fiquei só ali,paralisada,olhando praquele livro de capa rosa e letrinhas redondas,tão familiar...
Ah,talvez tenha sido melhor assim.
Quer dizer,pelo menos eu posso aliviar minha culpa de não ser a única "aculturada" desse mundo que faz Letras e adora ler livrinhos água-com-açúcar.
Né?