Je suis excessive.J'aime quand tout accélère,quand la vie s'exhibe,C'est une transe exquise(ouais!).C'est là que j'existe.Mmmm, pas d'excuse ! Pas d'excuse !

enquanto eu dormia

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Tinha um bom tempo que não lhe escrevia uma carta. Me desculpe pela minha inadimplência. Me desculpe principalmente, por parecer que não tenho mais tempo para você. Eu sei até o que você me falaria: que eu sempre pregava discursos lunáticos de indepedência,que eu dizia nunca precisar de dinheiro e principalmente, nunca ser escrava dele. Odeio admitir que caí em contradição. Odeio admitir muita coisa, você sabe. Meu orgulho ignorante impede que eu aponte meu dedo para mim mesma e descubra minhas falhas. Mas talvez eu esteja perdendo a característica que mais te dava orgulho em mim.

Pior ainda, talvez eu queira me tornar o espelho dele. Quero refletir tudo o que ele fazia, agir de forma igual, mas não passo de uma cópia barata. Porque eu só consigo refletir os seus erros. A sua dedicação excessiva ao trabalho para dar-nos o melhor, os seus hábitos viciosos que serviram para sua auto-destruição. Eu não quero me destruir. Mas estou caminhando nesse rumo.
O que me orgulho foi ter herdado seu jeito carinhoso, sua dedicação para com os que ama, seu sentimentalismo. Mas até isso pode não significar muita coisa. Para ele, sim. Para mim, nem tanto.

No início, eu pensava que agir dessa forma inconsciente não ia atrapalhar. Eu pensava que sabia a hora de parar. Mas eu vejo que tanto tempo se passou, e até agora eu não consigo achar um caminho para o fim. Minha vida excessivamente responsável reflete a minha irresponsabilidade comigo mesma. Minha dedicação se volta para os outros: para o trabalho, para o dinheiro, para as pessoas que estão sempre socialmente acima de mim.
No início, eu tinha orgulho por ser assim. Hoje, vejo que me tornei escrava de um mundo que não me pertence.

Preferiria ter continuado a possuir aquela idéia de vida romantizada. Casa, filhos, viagem, família, e só.
Mas hoje, apesar de ter tudo isso, não consigo aproveitar, não consigo ser alguém merecedora de todo esse amor, de toda essa sorte. Simplesmete, porque eu não tenho tempo de viver a vida que sempre sonhei. Entreguei meu corpo, minha alma e minha dedicação para um falso ideal de vida que hoje me consome. Me tortura, desde quando acordo até a hora em que rolo na cama por não conseguir dormir.
............................................................................................ há muito não tenho uma boa noite de sono. Há muito não tenho um bom-dia.
E tudo isso é culpa minha. Eu sei que você tentou me avisar, mas eu ignorei. Hoje reconheço que não sou tão independente. Eu realmente precisava de você. Mas eu sei que agora é tarde demais para ter chegado a essa conclusão. Talvez a única sábia depois de muitos anos.
Se eu pudesse voltar no tempo... mas não posso.
Você não me deu esse dom. Aliás, não deu a ninguém, quem dirá para mim, que não mereço nada além de tudo o que vivo agora?

Mas se pudesse, pode ter certeza: faria tudo diferente. Me dedicaria mais à minha família, aos meus amigos, ao meu amor, aos meus filhos. Trabalharia só com o que me dá prazer. Poderia viver uma vida menos confortável e luxuosa que tenho agora, mas ao menos teria tempo de ser feliz com o que tivesse. E eu sei que tudo isso vale muito mais do que qualquer quantia financeira, do que qualquer média social.
Eu não preciso de nada disso.
Eu nunca precisei de nada disso.

Me desculpe, novamente, por lamentar. É só o que faço quando te escrevo. Eu só peço, novamente, uma chance para me redimir.

Fico aguardando sua resposta. Ficarei sempre aguardando sua resposta...

Um comentário:

nanda rossi disse...

Adorei, Damy. Ainda acreditando que te conheço pouco, acho que entendi as entrelinhas. É sempre bom fazer um balanço, e espero que os seus sejam cada vez mais positivos...saudades!